quinta-feira, 13 de novembro de 2008

'Blindagem ecológica' da Porto Velho-Manaus custará mais de R$ 400 milhões

BR-319 terá maioria de seu entorno transformado em reserva. Pavimentação criará acesso por terra à capital amazonense.

Serão necessários pelo menos R$ 20 milhões anuais por um prazo de 20 anos para fazer a “blindagem” ambiental da rodovia BR-319 (Porto Velho-Manaus), que deve ser pavimentada, calcula o grupo de trabalho incumbido pelo Ministério do Meio Ambiente de criar um plano para reduzir o impacto ambiental da obra.

O valor, com o qual deve arcar o governo federal, é referente à implantação e manutenção de 21 áreas protegidas na área de influência da estrada, segundo informação do coordenador do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc) do Amazonas, Domingos Macedo. Ao todo haverá 29 unidades de conservação na área da estrada, mas 8 delas, reservas estaduais de Rondônia, ainda não têm custo estipulado. Das 21 já orçadas, 11 são federais e 10 estaduais sob responsabilidade do Amazonas, informa Macedo. Sete unidades estaduais no Amazonas ainda estão em fase de criação.
Intransitável

A estrada foi aberta durante o regime militar e foi praticamente “engolida” pela mata por falta de manutenção, o que a tornou intransitável em grande parte de sua extensão de mais de 870 quilômetros. Sua reabertura é de importância estratégica para a capital amazonense, que no momento é acessível do centro-sul do país apenas por via aérea ou fluvial. Por outro lado, teme-se que a via abra uma frente de desmatamento, a exemplo do que aconteceu com rodovias no Pará e em Mato Grosso. Ainda assim, como informa a secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Nadia Ferreira, o grupo de trabalho não cogita a possibilidade de o asfaltamento não ser feito. De acordo com Domingos Macedo, entre 80% e 90% da área de influência da rodovia (que abrange as terras entre os Rios Madeira e Purus) estarão em reservas. Cerca de um terço será de conservação integral e o restante poderá ter uso sustentável. Entre outros gastos, os R$ 20 milhões anuais servirão para equipar as unidades de conservação com bases flutuantes ou terrestres, veículos e equipamento de comunicação. “Devido às distâncias, os custos aqui são muito altos”, explica Nadia Ferreira. Uma parte dos recursos deve ser utilizada pelo Instituto de Terras do Amazonas para regularização fundiária na região. “O estado, como contrapartida, entrará com o pessoal e a infra-estrutura já instalada. Mas esse custo ainda não foi detalhado”, acrescenta a secretária. De acordo com ela, a necessidade por recursos deve se intensificar num período de dois anos pois, no começo, as reservas ainda estarão em fase de organização e a estrada ainda não estará pronta.

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