quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Vencer aquecimento global exige fazer nova 'revolução industrial', diz estudo

Vencer o aquecimento global é um desafio de proporções dantescas, similares a apenas um evento na história da humanidade: a revolução industrial. A análise é de uma empresa de consultoria britânica que trabalha com vários governos e companhias numa tentativa de mapear o caminho árduo rumo a essa nova "revolução". A matemática do raciocínio envolvido na pesquisa é relativamente simples. Ela se baseia no conceito de "produtividade do carbono", ou seja, em quanto do PIB (Produto Interno Bruto) de um país pode ser produzido com uma tonelada de gás carbônico emitida na atmosfera.

"Calculamos que esse aumento da produtividade tem de subir de 740 dólares por tonelada, hoje, para 7.300 dólares por tonelada em 2050, um aumento de dez vezes", afirma Ed Petter, gerente de relações externas para mudança climática da consultoria britânica McKinsey, responsável pelo estudo. "Parece muito, mas já fizemos isso uma vez. O valor é comparável em magnitude ao aumento da produtividade do trabalho com a revolução industrial." A mensagem principal do apanhado de dados é indicar que, apesar do tamanho do problema, a solução, aparentemente, existe. E é por aí que vai o foco do estudo: mostrar que há saídas já disponíveis -- e talvez até lucrativas -- para reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera.

Veículos mais eficientes, controle de temperatura mais eficaz em construções, sistemas inteligentes de ar-condicionado e até o etanol da cana-de-açúcar, especialidades brasileiras, são listados como potenciais itens que, ao serem implementados, na verdade barateiam custos, em vez de encarecer. "Claro, será preciso fazer um investimento inicial, um gasto inicial, mas isso será amortizado com o que virá de economia depois e no fim sairá mais barato", explica Petter. Segundo o estudo, pouco menos de 30% do que precisa ser feito para evitar o aquecimento global dito perigoso (acima de 2 graus Celsius) pode sair dessas soluções já disponíveis e supostamente econômicas. E quanto aos outros 70%? Pois é. Uma fatia significativa do bolo -- o maior item individual -- é a redução do desmatamento amazônico. Aliás, parece ser este a única pedra no sapato do Brasil na questão da mudança climática. De resto, com biocombustíveis em alta e fontes hidrelétricas fortes, o país tem uma matriz energética muito mais limpa do que a dos outros grandes países do mundo. Mas não é de se subestimar o problema do desmatamento. Evitá-lo também aparece com uma das coisas mais caras na lista preparada pelos pesquisadores. Bem perto de coisas que ainda nem existem fora do papel, como sistemas de armazenamento de carbono para usinas movidas a carvão -- fonte mais suja de energia e uma das favoritas da China, país que cresce vertiginosamente e precisa cada vez mais aumentar seu parque energético.

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